Desde a crise do petróleo, na década de 1970, e depois com a percepção
das agressões a atmosfera na década seguinte, os governos em todo o
mundo estão constantemente em busca de fontes alternativas para servir
de combustível ao setor automotivo. Uma dessas alternativas é o gás
natural veicular (GNV), que nada mais é que um combustível gasoso cujas
propriedades químicas substituem muito bem os combustíveis tradicionais
para motores.
As frotas de empresas estatais brasileiras foram aderindo ao uso do gás
por aqui, mas foi após a publicação do Decreto nº 1.787 de 12 de janeiro
de 1996, quando então foi liberado o seu uso em veículo particular, que
o GNV se popularizou entre os motoristas brasileiros.
O gás natural veicular não é derivado de petróleo, ele pode ser extraído
do processamento do lixo orgânico em usinas, por isso também é
conhecido por gás do lixo ou em termos mais técnicos, por metano. É, sem
dúvida, uma fonte de energia renovável, pois sua matéria prima, nesse
caso o lixo orgânico das grandes metrópoles, pode ser considerada uma
fonte inesgotável. Além do benefício com a finalidade, ou seja, como
combustível, ainda acrescenta uma melhoria significativa da qualidade de
vida nas grandes cidades, uma vez que as emissões de gases poluentes,
como por exemplo, monóxido de carbono (CO) e oxido de nitrogênio (NOx),
sofrem reduções significativas, o que melhora a qualidade do ar, além do
que, seu processo de queima liberar apenas dióxido de carbono(CO2) e
água (H2O).
Para a utilização do GNV é normal que seja aplicado em motores
concebidos para rodar com gasolina ou com álcool. Dessa forma é natural
que se passe a operar de maneira bicombustível, podendo alterar entre o
GNV e o combustível original do veículo. Alguns modelos já saem de
fábrica com essa opção, mas também é possível adaptar qualquer outro
automóvel, desde que o serviço seja feito em oficinas credenciadas.
Apesar de a palavra gás remeter ao perigo de fogo e explosão, o GNV tem menor densidade que o ar atmosférico, o que em caso de vazamento, possibilita
sua rápida dissipação na atmosfera, reduzindo a probabilidade de
ocorrência de concentrações na faixa de inflamabilidade. Em outras
palavras, um carro devidamente equipado com os dispositivos de segurança
não corre risco algum. As normas relacionadas com a conversão são
extremamente rígidas. Os componentes do sistema de conversão são
testados exaustivamente pelos fabricantes com a finalidade de assegurar
uma confiabilidade elevada.
É importante ressaltar que O GNV difere totalmente do GLP (gás
liqüefeito de petróleo). Primeiro, porque o GLP é derivado de petróleo e
o uso veicular é proibido no Brasil. Além disso, as adaptações caseiras
que adotam o botijão de cozinha, cujo gás é o GLP, não contam com os
dispositivos de segurança. Alguns casos relatados de explosão envolvendo
o GNV se deram em razão desses serviços sem critérios. Chegou-se ao
absurdo de utilizar o GNV em botijão caseiro. Acontece que o
abastecimento de GNV é normalmente feito com o produto a alta pressão,
cerca de 220 atmosferas. Essa pressão não é suportada pelo botijão
comum, apenas pelo cilindro destinado a esse fim.
Na instalação do gás veicular, o carro recebe uma série de modificações.
É instalado um conjunto de reservatórios, denominados de cilindros,
para armazenar o GNV, além de uma rede de tubos de alta e baixa pressão,
dispositivo regulador de pressão, válvula para o abastecimento, chave
comutadora para alternância entre combustíveis e indicadores e leitores
do sistema.
Mas existem alguns inconvenientes em sua utilização, como, por exemplo, a
perda de espaço para carga, seja no porta-malas ou na caçamba, rede de
abastecimento enxuta e perda de desempenho. Os veículos convertidos
devem manter as taxas de compressão originais de seus motores, o que
pode acarretar uma sub-utilização das características originais do GNV e
por conseqüência resulta na perda de potência.
Uma constatação que pode minimizar a perda de potência é que, os
veículos a álcool são a melhor opção para adaptação ao uso do GNV,
principalmente devido à maior taxa de compressão do motor, o que otimiza
a queima e desse modo se aproveita o elevado poder anti-detonante do
GNV, além de contar com componentes dimensionados ao uso de álcool, mais
corrosivo, que acabam oferecendo maior durabilidade.
Não há dúvidas que o maior apelo para o consumidor que fez a conversão
tempos atrás foi o preço por metro cúbico, até então mais em conta. O
valor chegou a superar o custo do álcool e brecou o mercado de
conversões. No entanto, parece que uma retomada nesse setor está a
caminho, devido a redução no valor metro cúbico do GNV que vem ocorrendo
em vários estados brasileiros. Há de se considerar também que um metro
cúbico de GNV roda, em média, 14 quilômetros. Já um litro de álcool faz,
em média, sete quilômetros.
Se você já possui o GNV no seu carro, lembre-se de não fazer nenhum tipo
de manutenção no equipamento sem o auxílio de um profissional. Se você
não tem e pensa em instalar, o primeiro passo é escolher um local
cadastrado pelo INMETRO, mas além de tudo que seja idôneo e conte com
boas referências. O dispositivo de uma forma geral é seguro, mas para
que isso ocorra, não pode ter falhas, portanto, nem sempre o mais barato
é o melhor.
Se acontecer de o carro adaptado com GNV sofrer uma colisão, ou ocorrer
algum dano em qualquer parte do sistema, principalmente no cilindro, é
recomendado a troca de todo o conjunto. Quanto a manutenção, uma vez por
ano deve ser feita uma checagem de todo sistema e a cada cinco anos o
veículo deve ser submetido a uma inspeção mais rigorosa, para que seja
feito o teste hidrostático no cilindro e verificar sua resistência.
Nesse teste, o cilindro é submetido a uma pressão 50% maior do que a que
está acostumado a receber.
Fonte: http://www.autoamurel.com.br