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Entrevista com Fernando Monteiro

Image gallery 21/09/2011
Reportagem: Wellington Sena/Elton Andrade

Ele faz parte da história do automobilismo paraibano. Filho de técnico industrial, Fernando Monteiro herdou mais do que um patrimônio invejável de quem criou os primeiros condomínios residenciais da capital paraibana. Desde jovem começou a esboçar sua imensa paixão por carros que mais tarde se tornaria também sua mais louca obsessão: criar um autódromo. Sua expressiva condição social o colocou no meio do seletíssimo círculo de pilotos e de equipes de renome internacional, dentre eles Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Jackie Stewart. Foi Fernando Monteiro quem trouxe o primeiro kart para o Nordeste, aprimorando e criando protótipos de corridas memoráveis. Exímio piloto e conhecedor de mecânica como ninguém, criava e preparava suas carreteras para disputar e ganhar em quaisquer parte do Brasil. Amado, criticado e odiado por muitos, fomentou o automobilismo paraibano com ideias revolucionárias e avançadas para a década de 60. No entanto, há mais de 40 anos ele permanece o mesmo: irresoluto nos seus ideais. Fernando Monteiro fez questão de receber os diretores do Garagem83 no seu belíssimo apartamento no bairro Altiplano, em João Pessoa. Entre dezenas de álbuns de fotos do passado, ele nos concedeu esta entrevista na qual fez uma promessa para todos os amantes do automobilismo paraibano.

G83 – Senhor Fernando, quando começou sua paixão por carros?

FM – Olha, eu acho que desde a infância eu tive como referência a figura do meu tio, irmão da minha mãe, que foi quem iniciou o automobilismo esportivo no Nordeste do Brasil: Itagibe Chaves. Paraibano mas mudou-se para Recife e lá iniciou a criação do circuito do DERB, onde fez aquele traçado de rua... isso em meados dos anos 40. Então tinham aquelas corridas..., o carro que ele mais usava era o Citroen. E a partir dalí eu era pequeno e ía assistir as corridas e vibrava com aquilo tudo e meu pai sempre ia na condição de cunhado e eu acho que a partir dalí já começava em mim a correr gasolina nas veias. 

G83 – É verdade que o senhor criou um protótipo de corrida e fez o trecho Recife-João Pessoa em menos de 50 minutos?

FM – É, isso foi em 1968. Havia uma prova que era disputada na cidade universitária; uma prova que seria promovida pela revenda Volkswagen na Meira Lins. E eu sabendo da prova..., eu já vinha fazendo esse carro há algum tempo cujo objetivo meu era um monoposto onde logo após eu farei questão de mostrar as fotos para vocês! E então eu soube da prova, fui à Recife, procurei saber do regulamento... e era uma prova, a exemplo de todas as outras: marcas, força livre, etc. Então eu fiz a minha inscrição e lembrando que eu estava terminando de construir um “monoposto” com mecânica de Gordini, motor 1093 cilindradas e então se houvesse tempo de concluí-lo eu chegaria a realizar esta prova, senão ficaria perdida a minha inscrição. Foi isso que foi feito. Fiz o carro, cheguei depois de 3 dias e 2 noites consecutivas de trabalho no carro procurando terminá-lo, cheguei em Recife faltando pouco tempo para o início da prova. Eu pedi à organização para tirar tempo e não me deram oportunidade de tiragem de tempo! Então eu pedi pelo menos para dar uma volta a fim de conhecer a pista... e aí foi o que foi a chamada “água na fervura”: eu não conhecia a pista, era a primeira vez que estava andando no carro... isso é a verdade. E baixei em 7 segundos o tempo da pista em relação a quem tinha o melhor tempo. Então houve um certo zum, zum, zum entre os pernambucanos, pois eles já haviam perdido uma corrida para um monoposto do Antonio Cirino, cearence, e acharam que eu seria um candidato em potencial para faturar a prova e disseram então que eu não poderia correr porque o carro era monoposto, etc. então eu disse: - Mas eu não fiz a inscrição? Não disse que era um monoposto e que estava construindo e tal? Bom, no final das contas não me deixaram correr... os baianos tomaram partido por mim, houve até briga nos boxes envolvendo o pessoal todo, enfim eu não corri, fiquei só assistindo e...

G83 – O seu carro era mais forte?

FM – Sim, digamos que ele estava 10 anos à frente em termos de performance. 

G83 – E a engenharia desse monoposto foi de concepção sua?

FM – Sim, foi toda minha. Foi todo feito lá em casa mesmo, no fundo da garagem. Então, isso (a corrida em Recife) foi num Domingo... esse carro não vai mais para João Pessoa do jeito que veio, em cima de uma Kombi-caçamba. Eu pedi para deixá-lo em Recife e que na próxima semana viria buscá-lo e enfim, experimentá-lo. Naquela época, em 1968, a estrada (BR 101) estava muito boa, não tinha o trânsito que tem hoje, não havia lombadas... na Polícia Rodoviária Federal só existia alguns cones em forma de “S”. No dia que eu vim dirigindo este protótipo, eu destravei o cronômetro na Av. Norte, em frente a uma oficina chamada Motor Wagner, que tinha um VW no teto... quem for da época se lembra disso! E de Recife à João Pessoa foram 48 minutos cravados. Na estrada não existiam muitas curvas e só em um ou outro momento que havia uma desaceleração qualquer... foi pé embaixo de lá até aqui.

G83 – O senhor foi praticamente um dos pioneiros do automobilismo paraibano. É verdade que você trouxe o primeiro kart para o Nordeste?

FM – É, isso foi nos anos 60. Foi logo ao Cláudio Daniel Rodrigues lançar em São Paulo... aí eu me lembro de umas das viagens que fiz a São Paulo eu comprei este kart e trouxe pra cá. Foi realmente o primeiro kart do Nordeste. Depois, logo em seguida o pessoal de pernambuco comprou em quantidade; começaram a fazer umas corridas em pernambuco e depois que a Mini foi criada (a fábrica de kart) – Riomar. Eu comprei, outros pilotos paraibanos compraram e começamos a pensar em fazer as chamadas “corridas de ruas” em pistas improvisadas, onde já me surgia a ideia de construir um kartódromo e o que foi o primeiro kartódromo do Nordeste, o nosso Mário Andreazza. 

G83 – Há quatro décadas que você vem tentando criar um autódromo em nosso estado. Quais as maiores dificuldades?

FM – [...]Como todo e qualquer empreendimento, dependendo de outras barreiras a primeira é a parte financeira. Você começar e sair fora... (neste ponto da entrevista FM não quis detalhar, mas o fato é que uma empreiteira, contratada por ele para realizar as obras do autódromo, abandonou o serviço já em andamento. Este caso está atualmente tramitando na justiça cível) e tem sido o grande problema até hoje, porque eu tenho tentado construir o empreendimento com recursos próprios, sem financiamentos... então por isso é que tem demorado. Já demorou até demais da conta! Por motivos que fugiram à nossa alçada mas que aconteceram. O primeiro autódromo aqui no Altiplano era muito conhecido... o Mário Andreazza; era num local excepcional e estratégico. Eu estou afirmando que nós chegamos alí em 1971. A cidade de João Pessoa não tinha esse crescimento todo direcionado para o litoral sul... nós estávamos numa área excelente, onde se poderia no futuro, caso ele houvesse sido concluído na época, optar por deixar espaços para grandes estacionamentos a fim de dar suporte a tal empreendimento. O tempo foi passando, a cidade foi crescendo e o autódromo foi se cercando de todo esse desenvolvimento dessa especulação imobiliária, onde por sua vez eu cometi um erro muito grave que foi o afã de querer começar logo pelo kart, que realmente é uma escola inicial para os nossos pilotos, foi construído o kartódromo Mário Andreazza com recursos próprios! Totalmente asfaltada a pista, com boxes, sanitários, lanchonete, ambulância própria, etc. O kartódromo foi inaugurado em 23 de Setembro de 1973. Com isso o primeiro investimento foi no kartódromo onde a área era de 55 hectares ficou aberto. Paulatinamente eu comecei a fazer o muro, que seria o muro do autódromo. Mas o vandalismo era tremendo! Naquela época já havia uma proximidade de algumas favelas, o pessoal muito pobre e tal... Você construia o muro à noite e pela manhã já não havia mais nada! As pessoas tinham roubado os tijolos. E isso se repetiu inúmeras e inúmeras vezes. Foi uma luta muito grande. Então, todo o evento que foi feito no autódromo foi de portões abertos, uma vez que não tínhamos condições de construir o muro devido ao vandalismo. Tivemos tempos formidáveis nos tempos das carreteras mas não houve retorno financeiro porque a entrada era forçosamente “franca”. Nós chegamos a ter mais de 3 mil veículos estacionados em dias de domingo de corrida; milhares de pessoas e ninguém nunca pagou um centavo. 

G83 – Como eram essas corridas de “carreteras”?

FM – Na época o regulamento previa carros construídos até 1960. Com isso essas corridas de carreteras eram forçosamente realizadas com veículos de motores grandes V6, V8. Havia uma participação muito grande dos pernambucanos e de pilotos nossos da paraiba. Era fantástico! Vocês podem conferir em algumas de nossas fotos e filmagens. Foi uma época muito boa. 

G83 – Para a construção desse autódromo, uma parceria público-privada não seria a solução?

FM – Seria, não resta a menor dúvida. Isso para abreviar, pois a coisa se coloca da seguinte forma: eu não diria que teria condições de construir o Andreazza, pois tudo é uma dinâmica, tendo em vista que a cidade estava estrangulando a área do autódromo cercado de condomínios residenciais e tudo..., então, quando me foi surgida uma proposta de um grande grupo empresarial a fim de adquirir a área do autódromo em função já da alta especulação imobiliária, fez com que eu decidisse vendê-lo e tentar construir um outro em local mais afastado da cidade numa área, por sinal, 3 vezes maior, numa terra bem mais barata, cujo dinheiro adquirido na venda do primeiro teria condições suficientes de terminar o segundo, mas infelizmente houve um episódio de percursso, onde fizemos um contrato com determinada construtora aqui da capital e embora nós tenhamos realizado todos os pagamentos dentro do contrato, eles simplesmente abandonaram o serviço; e isso está rolando há mais de 4 anos na justiça e o prejuízo tem sido enorme para mim, onde não há nem números para começar a avaliar. Basta ver que já deixamos de ter várias provas da Fórmula Truck, da StockCar... na época da Fórmula Renault e, por incrível que pareça, não é nenhuma inverdade, com o autódromo construído dentro do prazo estabelecido, a primeira Fórmula Indi (mais recentemente...) teria sido em João Pessoa e não como foi em circuito de rua como foi em São Paulo. 

G83 – Pilotos renomados como Jack Stewart, Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi estiveram aqui e aprovaram o traçado do seu autódromo. Qual a sua relação pessoal com alguns destes pilotos?

FM – Na realidade, destes pilotos que você mencionou, apenas Nelson Piquet esteve aqui. Estes outros são contatos que mantive mas a gente sempre nos encontrávamos no Rio de Janeiro, em São Paulo ou na Europa, por ocasião dos Grandes Prêmios de F1. Agora Piquet não! Piquet chegou inclusive a participar de provas aqui em João Pessoa, onde veio duas vezes aqui no nosso autódromo. Com Emerson foi uma parceria que tinha tudo para dar certo, onde eu fui nos EUA discutir a participação quando era o tempo do Andreazza aqui no Altiplano; e ele (Emerson) era o chefe responsável por trazer a fórmula Indi para o Brasil. Era a pessoa, na época, que estava com este poder na mão. E seria feita uma parceria com ele, onde eu tenho todos os documentos comprobatórios... onde se traria a Fórmula Indi para João Pessoa. Só que infelizmente houve desencontros por parte do poder público, na qual a incumbência da infraestrutura seria realizada pelo governo estadual e municipal; o governo estadual fez a parte dele e o município não fez! Então com isso o Emerson esperou, esperou, e como não teve condições mais de tanta espera. Partiu ele para o autódromo Nelson Piquet em Jacarepaguá, no Rio, onde com a reforma foi feito um circuito oval e a primeira Fórmula Mundial foi para lá. Quem viu de perto essa corrida foi o André Ribeiro, que tem raízes de sua família aqui em João Pessoa. 

G83 – A Paraíba é o ponto oriental das américas e um local ideal para abrigar campeonatos internacionais de automobilismo. Um autódromo de envergadura como é o do seu projeto ainda não saiu do papel também porque há um boicote velado de forças que não querem tirar do eixo Rio-São Paulo os grandes eventos desta natureza?

FM – Não, não, de forma nenhuma. Não é por aí não. É aquela coisa que eu digo: é como um timezinho na cidade, se não tiver um estádio com dois ou três times, não tem como assistir jogo, seja com tranquilidade e com conforto. E se não houver estádio a coisa não desenvolve; da mesma forma é aqui com o nosso autódromo. O nosso aqui será um elo de ligação entre o existente em Fortaleza e o de Caruaru. A própria CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) sabe que com a criação deste autódromo vai reduzir os custos das equipes na realização dos vários campeonatos nacionais quando das etapas realizadas aqui no Nordeste. As provas serão realizadas simultaneamente em Fortaleza, João Pessoa e Caruaru. 

G83 – E quais seriam as vantagens para a região com a criação deste autódromo?

FM – Sem dúvida Wellington, aí você vê que inclusive um dos primeiros cartazes para a criação deste autódromo Mário Andreazza, tem um chavão que eu criei na época, em 1971: “Automobilismo é turismo”, porque eu sempre citava como exemplo o autódromo de Cascavel/PR, onde vi uma placa com os dizeres: “Futuro autódromo de Cascavel”... onde tinha uma cerca de arame, um barro terrível alí no estado do Paraná e o início do grupo lá que queria criar o autódromo. Me lembro bem, almoçamos numa churrascaria, uma das únicas que havia no contorno da cidade e de lá tocamos pra Foz do Iguaçu. Eu conheci a obra, estávamos numa Kombi, uma lama desgraçada... – isso era Cascavel antes do autódromo. Pedro Mufatto, que era um cidadão de Cascavel, empresário bem estabelecido, dono da rede de supermercados Mufatto; ele corria também em outros estados. Era um cara que tinha recursos e houve um movimentos dos pilotos da região de tentarem eleger o Pedro Mufatto prefeito de Cascavel, na intenção de, se eleito, construir o autódromo. Isso aconteceu! Após isso a cidade ganhou hotéis, restaurantes, etc. enfim, um desenvolvimento absurdo. E é isso, ou muito mais, que se trará para a grande João Pessoa. Ocupação hoteleira, movimento de oficinas e postos, criação de novos empregos diretos e indiretos, mecânicos, pessoal das equipes, preparadores, etc. A cidade ser divulgada pela mídia internacional quando ocorrerem aqui os eventos onde na realidade não virá pouca gente; revistas especializadas, canais de TV, jornais, etc. a propaganda para a cidade de João Pessoa será excelente.

G83 – A exemplo de Caruaru/PE, onde a própria Fórmula Truck movimenta milhões na cidade. Parece que os poderes públicos ainda não enxergaram isso?

FM – É, realmente em muitas oportunidades em que nós tentamos, salvo exceção, a única referência que se tem que fazer justiça em termos de governo em todos esses anos de luta foi o governo de Tarcísio Burity, que teve a iniciativa de se fazer naquela época uma parceria público-privada, com uma visão além da que hoje se usa. Mas infelizmente ele teve de deixar o governo para se candidatar e o sucessor não deu continuidade ao que já estava acordado, embora nós, da Fernando Monteiro Empreendimentos, tivéssemos feito cerca de 70% do que seria de nossa responsabilidade. E por último, o ex-Governador José Maranhão, que tinha a intenção de trazer a Fórmula Mundial, que também deu apoio mas infelizmente a coisa não vingou. 

G83 – Você teve no passado duas grandes oportunidades para construir o autódromo. Uma no governo Burity e mais recentemente, com o ex-Prefeito Cícero Lucena. O que deu errado?

FM – Em relação a Burity como eu já havia dito... o contrato não foi honrado pelo sucessor dele onde os serviços foram paralisados. E em relação ao Cícero, não é que a prefeitura tivesse parte na construção, mas sim da competência durante a gestão dele de atender as exigências feitas pelo Emerson para trazer a Fórmula Mundial pra cá, que na época, no mínimo, seriam a construção dos acessos condignos para sair aqui da panorâmica e chegar na área antiga do autódromo Mário Andreazza. Isso não foi feito então perdemos, pela segunda vez, mais uma oportunidade de concluir o autódromo que naquela época teria esta parceria com Emerson Fittipaldi, num contrato de alguns milhões de dólares na qual ele seria meu sócio aqui. 

G83 - Algumas pessoas taxam você de “conservador” e “ortodoxo”, dizendo que ainda não temos um autódromo na Paraíba por causa de sua teimosia em querer “tudo pra sí”. O que você tem a dizer?

FM – Olha, eu acho que até na primeira colocação, quando você me perguntou sobre o autódromo... põe por terra qualquer argumento desse tipo, porque... se durante estes anos todos eu tenho procurado fazer só por ideal, gastando tudo o que é meu... sangue, suor e lágrimas, do patrimônio da família,, contando com o apoio desta, sem objetivar cobrar de imediato, a exemplo de ingressos e de ter um retorno financeiro... eu acho que não é por aí, pois seria uma inverdade. Agora o que pesa na realidade... aí eu falo de cabeça erguida, olho no olho de quem quer que seja que ache isso de mim... até que se prove o contrário, é que eu gosto de fazer as coisas certas! As coisas honestamente! As coisas com seriedade! Sem compactuar com “chavecos”. Então se na corrida o diretor de provas sou eu e quem faz a cronometragem sou eu [eu não tenho inimigos...], mas se fosse qualquer outro que me fosse estranho, o melhor amigo ou um filho meu participando... a sensibilidade que eu vá ter para destravar o cronômetro vai ser igual pra qualquer um; isso eu nunca abri mão. Nessa parte aí não há ninguém, ninguém que venha querer dizer o contrário. Então, se isso incomoda a àqueles que gostam de fazer umas coisas meio lá, meio cá... aí não conta comigo, aliás, nunca contaram. Se houveram algumas discurssõezinhas foi por conta disso. Esses mesmos que dizem isso são os mesmos que viam o kartódromo, cresciam os olhos e queriam me passar pra trás e construir outro kartódromo pra me fazer concorrência. Ah! Por mim podem construir 10. Eu gosto do esporte automobilismo... então, quanto mais praça de esporte houver, melhor pra mim, para meus netos, pra quem queira correr. Eu que gosto de assitir, poder assistir no de Manuel, de Severino, etc. Isso é uma coisa sem fundamento e que não me atinge. 

G83 – Existe um ditado que os pilotos paraibanos nascem, crescem e morrem no kart. É verdade?

FM – Atualmente tem sido, né? Raríssimas exceções... e não é que jamais vai morrer não. É questão daquele que realmente tem uma mentalidade diferente, porque aqui... o que você vê as vezes é essa falsa tendência de ser piloto. O camarada faz por brincadeira e não leva a coisa com seriedade; aquele que leva com seriedade então investe, saí... atravessa fronteiras e vai procurar e participar de outras categorias. O resto não, quer ficar naquela brincadeira de final de semana, ponto de encontro pra dizer que tomaram uma cerveja juntos e não é por aí. Na realidade isso ocorre porque só praticam o kart, kart, kart... e em tendo um autódromo a coisa vai ser automática com ascenção à outras categorias. Sai do kart, disputa uma prova da categoria de marcas e vai se envolvendo, vai crescendo. Embora as provas em nosso estado sejam amadoras, mas você já pode ir criando aquele desejo de participar de provas nacionais e fazer carreira de piloto. 

G83 - A Paraíba sempre foi celeiro de grandes pilotos oriundos do Kart. Hoje o que temos, e quando temos, são pistas improvisadas em estacionamentos de supermercados e áreas afins. Porque há tanta dificuldade em incentivar um esporte tão querido pelos paraibanos como o kart?

FM – Olha, inclusive hoje não existe nem mais kartódromo. Essas pistas que você mencionou são pistas destinadas à ganhos financeiros e cuja finalidade é só diversão. Porque entra qualquer pessoa: mocinha, pirralho... bota aquele equipamento: capacete, luva e macacão e vai andar de kartindoor, não é kart de competição! É diferente. Kart de competição acho que nós só temos 2 ou 3 no máximo, participando em Pernambuco numa pista às margens da BR-101, no contorno de paulista; quem deve ter é o João Neto, o filho do Elder, Elder Júnior, etc. que fazem competições profissionais de kart júnior. Após uma conclusão definitiva da justiça contra esta empreiteira que abandonou as obras no nosso autódromo, podemos afirmar que o teremos funcionando até o final de 2012! E como vocês puderam constatar, o autódromo já está todo murado, com parte das estruturas de box iniciada, banheiros, sanitários, centro médico... enfim, não vai demorar muito não. Se a justiça decidir logo e condenar à empreitera a fazer o que lhe cabe, a minha parte eu irei cumprir rápido. 

O novo autódromo que está sendo construído está à margem da PB-082, antigo acesso que sai da BR-230 com destino à Itabaiana/PB. Alí já é município de São Miguel de Taipú. O projeto deste autódromo compreende 3 circuitos, de forma de o maior tem uma extensão de 3.437m; como alternativa, o que poderia se chamar de anel externo, somando 2.565m; e a terceira opção de circuito compreende 3.024m. O autódromo, você saindo aqui de João Pessoa, está a altura do Km 61 da BR-230 em direção à Campina Grande. Está a 80 Km de Campina Grande; 190 Km de Caruaru; 135 Km de Recife; 180 Km de Natal. O autódromo possui um estacionamento para 4.000 veículos, 200 ônibus e um heliporto de nível internacional que já está pronto. Concluído o autódromo, realmente o automobilismo vai mudar não só aqui na Paraíba mas no Nordeste como um todo. Eu agradeço a oportunidade dada pelo Garagem83 e estamos à disposição para quaisquer outras informações.

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