Público se deparou com uma categoria em crise financeira, mal gerida, com carros sucateados e apenas oito pilotos no grid.

Do JC Online

As poucas pessoas que foram a Caruaru para acompanhar as corridas da Fórmula 3 Sul-Americana, no sábado (13) e domingo (14), saíram certamente muito decepcionadas do Autódromo Internacional Ayrton Senna. Também pudera. Elas se depararam com uma categoria em crise financeira, mal gerida, com carros sucateados e apenas oito pilotos no grid, sendo três deles representantes da casa, que foram convocados de última hora para entrar na pista e evitar um vexame ainda maior no Agreste do Estado.

Aos pernambucanos Beto Monteiro, Carlinhos Teixeira e Dorivaldo Júnior foram emprestados “carros de segunda”, com peças e pneus usados. Outros pilotos também viviam uma situação semelhante em Caruaru. Por isso, não surpreendeu o alto índice de quebras e abandonos durante as corridas. Na bateria deste domingo, por exemplo, o monoposto de Dorivaldo não saiu sequer dos boxes, apesar das tentativas desesperadas dos mecânicos em resolver o problema. Só quatro carros cruzaram a linha de chegada.

Na bem da verdade, só dois pilotos tinham carros em condições de lutar pelas vitórias, o que deixou as três baterias ainda mais entediantes. O paulista Fabiano Machado, da Cesário Fórmula, era um deles. Ele subiu duas vezes ao degrau mais alto do pódio, enquanto o mineiro Fernando Kid, da Hightech Racing, uma. O primeiro lidera a Fórmula 3 com 232 pontos, enquanto o outro é o terceiro, com 143. Entre eles, está o paulista Ronaldo Freitas, com 150.

“Realmente, o momento da F-3 não é bom. Isso se reflete no número de carros na pista. Se não tivéssemos convidado pilotos da casa, o grid teria apenas cinco corredores. É uma situação péssima para a categoria, para os patrocinadores e para o público”, afirmou o ex-piloto Augusto Cesário, chefe da principal equipe da F-3. Nas etapas passadas da categoria, em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve o mesmo problema. “É uma fase de vacas magras para nós da Fórmula 3”, completou.

Principal piloto pernambucano em atividade, Beto Monteiro foi um dos que lamentou a situação da Fórmula 3. “Essa é uma categoria que forma pilotos para correr na Fórmula 1 ou na Indy. É péssimo para o automobilismo brasileiro que a F-3 esteja passando por um momento tão ruim. É hora de todos se unirem para ajudar este evento. É o que estou fazendo aqui e agora, aceitando o convite para correr”, disse Beto, que chegou em terceiro no domingo.

Pela F-3 Sul-Americana, considera uma categoria escola, passaram pilotos do quilate de Nelson Piquet, Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello, Felipe Massa, Tony Kanaan e Bia Figueiredo.