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Queda nos juros não reduz exigências dos bancos

09/05/2012
Taxa mais baixa, de 0,98% ao mês, só vale para financiamento de carros com 50% de entrada e saldo em até 24 meses

Carsale - Mesmo com a divulgação de um grande pacote de redução de juros pelo governo federal (movimento iniciado pelas instituições estatais e seguido pelas privadas), a oferta de crédito para financiamento de veículos não aumentará a curto prazo. De acordo com dados da Serasa Experian, o principal motivo para esse cenário são os altos índices de inadimplência, que deverão se manter pelos próximos meses.

Em um comunicado divulgado no início desta semana, economistas ligados à instituição afirmaram que a seleção mais rigorosa das fichas cadastrais dos clientes, baseado no seu poder de compra, continuará em vigor. “Os juros podem gerar uma alta procura de produtos financeiros, mas com a permanência das exigências dos bancos, a situação deve se manter”, anuncia o documento.

O presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro, levanta outra questão. De acordo com o economista, grande parte dos brasileiros já está com sua renda comprometida, algo que a redução das tarifas não deve conseguir alterar. “Essa iniciativa do governo tem o objetivo de dar mais fôlego ao crédito, um dos pilares do nosso processo de desenvolvimento econômico. Porém, percebe-se que uma grande quantidade de consumidores já atingiu o limite. Os brasileiros apresentam hoje um comprometimento de renda de 22%, que já supera o dos americanos, em torno de 16%, antigos líderes deste ranking”, explica Loureiro.

Já para o consultor da IHS Automotive, Paulo Cadarmone, os níveis de inadimplência não estão em um patamar que justifique este alto rigor. Mas, em um momento crítico da economia mundial, essa é uma das saídas encontradas pelas instituições bancárias para evitar um problema maior no futuro. “Vivemos um momento meio complicado. Apesar da economia brasileira se estabelecer de forma mais sólida a cada ano, ao redor do mundo as coisas estão diferentes. E as ações externas ainda assombram o nosso mercado, apesar de ser algo de menor intensidade que tempos atrás. Por isso, essa busca extrema pelo controle da inadimplência”, afirmou o economista.

A redução fantasma

Outro ponto que pode dificultar a oferta de crédito, mas que está sendo pouco discutida, é o fato de as reduções de juros para os financiamentos de veículos serem mais atrativas nas propagandas publicitárias do que realmente são. A reportagem do Carsale visitou agências bancárias da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Bradesco (as três principais empresas que estão divulgando um grande plano de redução das taxas) e constatou que a história não é tão simples como parece.

Para conseguir a menor taxa possível anunciada, de 0,98%, o financiamento de um veículo novo deve ser contratado com 50% do valor do carro de entrada, a dívida deve ser saldada no máximo em 24 parcelas e o cliente deve ser correntista da Banco. O grande problema é que apenas 10% dos clientes que vão até os bancos para se informar sobre financiamento veicular buscam esse tipo proposta.

“Confesso que a divulgação da redução das taxas de juros, principalmente para a compra de carros novos, é mais um chamariz de clientes do que uma boa oportunidade de negócio. O cliente que possui organização financeira para se enquadrar nesse plano de 50% de entrada e 24 vezes, prefere esperar mais um pouco e comprar o veículo à vista”, disse um dos gerentes de agência ouvidos pelo Carsale. Vale ressaltar que a situação vale para os três bancos citados, além de HSBC e Itaú.

Anfavea está otimista

Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil nesta quarta-feira (8), o presidente da Anfavea (associação que reúne os fabricantes de veículos), Cledorvino Belini, afirmou que não está preocupado com a queda nas vendas verificada no primeiro quadrimestre, em relação ao desempenho ao mesmo período de 2011.

“Nós estamos muito confiantes de que, com a redução dos juros, a tendência é a de melhorar o mercado daqui para frente. Neste momento, continuamos acreditando que o ano vai ser bom”, disse após divulgação dos dados mensais da indústria automobilística, na segunda-feira, em São Paulo.

Tanto é que mesmo com a queda nas vendas de 14,2% em abril, com relação a março, foi mantida a previsão de crescimento do setor para 2012 na casa dos 4% a 5%. “Os números ainda não são tão alarmantes, para mudarmos as metas do ano. A ideia é esperar o fechamento do semestre, observando o comportamento do mercado nos próximos meses. Como esses dados em mãos iremos decidir se repensamos essas projeções”, afirmou o chefão da Anfavea, durante a última reunião da entidade.
Fonte: http://carsale.uol.com.br

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